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Maioria dos moradores de favela no Brasil tem apenas telefone celular

Do UOL, no Rio

06/11/2013 10h00

Mais da metade dos domicílios situados em favelas no Brasil tem apenas celular para fazer ligações telefônicas, constata um estudo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) com base no Censo Demográfico de 2010, divulgado nesta quarta-feira (6). A proporção das residências em favelas onde só há telefone móvel é de 53,9%. Já em 4,5% delas existe somente telefone fixo.

A pesquisa, feita por amostragem em 89 municípios, mostra que a opção pela exclusividade do celular é 21,1 pontos percentuais menor nos domicílios localizados nas demais regiões das cidades pesquisadas: a proporção fora das favelas foi inferior a um terço do total (32,8%). A presença apenas de telefone fixo, no entanto, foi de 5,8%, 1,3 ponto percentual maior do que a verificada nas comunidades carentes. O IBGE chama as favelas de aglomerados subnormais.

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Levando-se em conta as residências que têm tanto celular quanto telefone fixo, as proporções encontradas foram de 32,1% nas comunidades carentes e de 57,3% nas outras áreas.

As proporções dos domicílios que têm telefone celular (podendo também ter ou não o fixo) foram de 86% nas favelas e de 90,1% nas demais áreas. Já a presença de telefone fixo foi verificada em 36,6% das residências em comunidades carentes e em 63,1% dos lares nas outras regiões.

A pesquisa identificou ainda que 90,5% das residências nas favelas possuem algum tipo de telefone, e que a proporção sobe para 95,8% nas demais áreas dos municípios.

Segundo o estudo, o Centro-Oeste é a região em que há a maior proporção de domicílios somente com telefone celular (68,4%) em aglomerados, seguida por Norte (61,9%), Nordeste (61,8%), Sul (51,7%) e Sudeste (46,7%), esta a região mais populosa.

Entre as cinco regiões, entretanto, o Sudeste lidera o ranking das proporções de domicílios em comunidades carentes onde há telefone celular e fixo, com 38,3%. Em seguida, vêm as regiões Sul (36,4%), Norte (25%) e Nordeste e Centro Oeste, ambas com 24,8%.

O Nordeste apresenta maior proporção de residências em favelas que não têm nenhum telefone, com 10,5%, seguido de perto pelo Norte (10,1%) e pelo Sudeste (9,1%). A região Sul apresentou 7,3% e a Centro-Oeste, 5,3%.

Nas demais áreas das cidades, a proporção dos lares que não dispõem de telefone é maior no Norte, com 8,1% dos domicílios. Nordeste (6%), Sudeste (3,7%), Centro-Oeste (2,2%) e Sul (1,8%) aparecem em seguida.

A pesquisa, chamada “Áreas de Divulgação da Amostra para Aglomerados Subnormais”, se baseia em um questionário específico aplicado em 6.192.332 domicílios, o que representa uma parcela de 5% a 50% da população, variando de acordo com o tamanho da cidade.

Segundo o IBGE, foram levados em consideração apenas os municípios com mais de 400 domicílios em áreas de favelas. Por isso, apesar de haver 323 municípios com aglomerados subnormais no país, apenas 89 foram incluídos na amostra. A margem de erro varia conforme o tamanho da amostra de cada dado pesquisado.

Bens de consumo

O mesmo estudo, que examinou a presença de bens duráveis nos domicílios brasileiros, demonstrou que, na comparação da posse de bens entre os aglomerados subnormais --comunidades carentes-- e as demais áreas dos municípios pesquisados, há maior desigualdade quando levada em conta a posse de carro e de computador.

A pesquisa identificou que, enquanto apenas 17,8% das residências localizadas em comunidades carentes contam com pelo menos um automóvel, praticamente metade (48,1%) dos domicílios situados fora delas dispõe de veículo para uso particular, uma diferença de 30,3 pontos percentuais. Já o computador está presente 27,8% das residências em favelas enquanto 55,6% dos domicílios que não são localizados nestas áreas possuem o bem.

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Renda

Em relação aos rendimentos, 31,6% dos moradores de favelas tinham rendimento domiciliar per capita até meio salário mínimo, ao passo que nas demais áreas o percentual era de 13,8%. Por outro lado, apenas 0,9% dos moradores de comunidades carentes tinham rendimento domiciliar per capita de mais de cinco salários mínimos, percentual que era de 11,2% nas demais áreas da cidade.

A informalidade no trabalho também era maior nos aglomerados (27,8% dos trabalhadores não tinham carteira assinada) em relação às outras áreas da cidade (20,5%).